quarta-feira, 6 de abril de 2011

Estórias I - A Casa do Povo

Este fim de semana a malta de Gloucester vai a Madrid ter com um pessoal dos tempos da Faculdade. E falar da Faculdade, para mim, é obrigatoriamente falar da mítica Casa do Povo.

A Casa do Povo é, por ventura, um dos maiores marcos dos meus quase seis anos de Faculdade. Está lá, num cantinho, junto com os convívios de Farmácia, as Queimas da Fitas, os jantares de curso e o traje académico. Para quem não sabe, a Casa do Povo era uma casa na Baixa de Coimbra, onde viviam e pagavam renda o Pardal, o Pêra e o irmão do Pêra mas que, no fundo, era mais da malta toda que deles.

Basicamente, aquilo era um antro de poker (em que as fichas eram Matutazos... na altura ainda não havia malas de fichas), PlayStation (posso dizer que comprei um PS2 em 2002 e que em 2003 agarrei nela e a pus na Casa do Povo. Morreu, gasta de tanto trabalhar, em 2006. Paz à sua alma!), pizza, Coca-Cola Light e gelatina, fora da altura de exames. E um antro de poker, PlayStation, pizza, Coca-Cola Light, gelatina e alguns (poucos) apontamentos de estudo, na época de exames.

Lá, numa televisão de antena e do tamanho do monintor do meu portátil, assisti(mos todos) à derrota com a Grécia no jogo inaugural do Euro 2004, ao golo do Nuno Gomes à Espanha e ao mítico jogo com a Inglaterra, nos quartos (na véspera de um exame de Tecnologia Farm.), entre tantos outros jogos. Lá, montámos (eu diria, mais o PP) pirâmides de latas de Coca-Cola Light que, quando caíam às 4 da matina, acordavam o prédio todo. Lá, tínhamos as paredes forradas com as capas dos jornais dos dias a seguir a grandes jogos de futebol e com as míticas tabelas com os resultados de todos os jogos de PES que alguma vez fizémos...

Posso dizer que muitas noites ia tomar café com a Vanessa a despachar só para poder ir para a Casa do Povo. E lá ligava eu ao Pardas às onze e meia:
- "Com'é... Ainda dá para aparecer?"
- "Já cá devias estar!"
- "Óptimo... É que já cá estou. Abre-me a porta" - E nem esperava pelo elevador. Subia as escadas, em pique, até ao quarto andar, a porta estava encostada, o Zé já estava no sofá a jogar com o Pardal, que estava no puff, o PP estava a acabar de pôr a gelatina no frigorífico, o Pêra estava há cinquenta minutos ao telefone com a namorada e o César, o Ricardo, o Telmo e o Guilherme talvez ainda fossem aparecer. Eu entrava e dizia a frase de sempre: "Sou sigas no PES! Sou sigas no PES!"

Ficam sempre mil "estórias" por contar sobre a Casa do Povo mas o post já vai longo e precisava de um dia inteiro para as contar todas... Fica, no entanto, a referência a uma casa graças à qual muitos de nós têm mais horas a jogar PES que a assitir a aulas na Faculdade. E atenção que Ciências Farmacêuticas era uma licenciatura de seis anos!

Vídeo histórico. Primeiro porque ilustra uma derrota do Pardal  às mãos do Pêra. Segundo porque já ninguém tem telemóveis que façam vídeos com tão pouca resolução e que fiquem ao contrário quando colocados no Blogger. Terceiro porque aquele cabelo do Pêra é história viva. Corria o ano de 2004...

4 comentários:

Anónimo disse...

Adorei o texto!

Lage só faltou descreveres aquele mítico dia em que ias incendiando a casa!....

Quanto ao vídeo, acho que se tratou de uma vitória banal contra um adversário do meio da tabela!... Fácil!!! Muito Fácil!!!

Relembro, aos que não conhecem o Pardal, que quando esse gajo quando perde muitas vezes com alguém num determindado jogo, acaba por fazer desaparecer o CD do jogo...

Abraço

ASS: Hugo Pera

André Lage disse...

Grande Pêra:

Olhando para o vídeo e para o Pêra do presente, há que louvar a melhoria de imagem. Agora acho que o próximo desafio seria acabar a 4a classe, a fim de se perceber tudo o que escreves.

Força aí, campeão.

zeruipeixoto disse...

André,

puro miticismo.

Muito difícil pôr em palavras tempos de alegria, euforia, dedicação, partilha, amizade, loucura...

Um abraço

Pardal disse...

Grande texto, grandes pequenas referências! Repleto de pormenores que fazem bater aquela saudade...poucos momentos sabem tão bem como aqueles vividos nos domingos à noite de regresso do fds

Relativamente ao vídeo, embora sem defesa possível, apenas quero dizer, que o dia seguinte era o dia do cortejo da queima das fitas e eu, ainda com bocados de bifana nos dentes e a 20 minutos de ter feito a minha ultima flor, fui apanhado completamente desprevenido...

Não há duvida que o skipping baixo pelas escadas acima é mesmo imagem de marca... parece que estou a ouvir o estardalhaço pela porta entreaberta e aquelas palavras pelo meio da respiração ofegante: "sou sigas, sou sigas"

Cabelo do Pera é de facto história viva! Pena ter sido na década errada