quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cronologia de uma decisão arriscada ou como a vida sabe ser irónica quando quer


07h00m - Acordo com tempo suficiente para o que preciso de fazer: vou a Londres hoje mas o autocarro é só às 08h00m. Uma hora dá para tomar banho, vestir, comer e chegar à estação de autocarros.

07h30m - Saio de casa tranquilo. Normalmente demoro doze minutos a atravessar a cidade. Até vou desacelerar para não ter de esperar na estação.

07h47m - Chego à estação. Tiro as luvas e arrumo na mala do computador.

07h47m - Há demasiado espaço na mala do computador.

07h47m - Foda-se! Não acredito! Deixei o carregador da bateria em casa. Uma viagem a Londres demora 3h15m no autocarro. É uma coisa maravilhosa quando se leva um computador e o carregador da bateria. São três horinhas garantidas de filmes, séries e "Civ". É uma eternidade horrível se não houver nada para fazer.

07h48m - Tenho vinte segundos para tomar uma decisão - Mantém a calma! - Se sair a correr demoro seis minutos até casa e talvez oito no regresso. Pela experiência que tenho, a probabilidade destes autocarros atrasarem deve ser, na melhor das hipóteses, para aí de 15%. É arriscado!

07h48m - Saio a correr que nem louco, com o telemóvel na mão para ir vendo as horas e avaliando a situação ao longo do caminho.

07h48m - Há táxis mesmo à saída da estação. Bato ao vidro do primeiro. O homem lê o jornal com a maior calma do mundo. Entro e pergunto: "Daqui às docas em cinco minutos e voltar em dez... consegue?"

07h51m - Primeiro vermelho. Vinte segundos... uma eternidade.

07h52m - Segundo vermelho. Mais vinte...

07h53m - Docas. Entrego o jogo todo: "Pare aí onde puder e vá dando a volta. Deixo aqui o computador. Não me fuja com ele". Olho para o vidro e fixo o número do táxi, não vá o gajo armar-se em esperto.

07h54m - Demoro um minuto a percorrer os cem metros até à entrada do prédio, errar o código da porta uma vez, finalmente acertar, entar em casa, gritar "Não tenhas medo! Sou eu!", entrar na sala, agarrar no carregador, sair da sala, entrar no quarto, dizer "Era eu! Não tenhas medo!", sair e voltar ao táxi.

07h56m - Terceiro vermelho. Não é tanga! É inexplicável... mas conseguimos apanhar três vermelhos num caminho que deve ter quatro semáforos.

07h58m - Estação de autocarros. O taxista ainda me diz, com grande tranquilidade que conseguia fazer mais uma viagem antes das 08h00m. Eu rio-me, pago-lhe quase do dobro do que custou a bandeirada e agradeço por me ter salvo o dia.

08h30m - Já dentro do autocarro: as tomadas não funcionam! AS-TOMADAS-NAO-FUNCIONAM !

15h30m - Autocarro de regresso... guess what?... AS-TOMADAS-NAO-FUNCIONAM !


De rir... Aliás, por vezes acredito que quem lê estas coisas deve pensar que eu as invento. Mas não. Infelizmente tive mesmo de passar seis horas a dormir, a olhar pela janela e a jogar Monopólio no telemóvel.

3 comentários:

Eugénio disse...

Só gosto de histórias com final feliz...bahhh

A ver se as peripécias em viagens terminam hoje, e pelo menos até daqui a uma semana

Nuno Gabriel disse...

Ahahahahhah...esta história é a tua cara!
Abraço

Anónimo disse...

Aposto que se fosse o Zé Rui o táxi e o computador já não estariam lá quando ele voltasse.