quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lloyds vs Tesco - II

No entanto, se o trabalho "de farmacêutico" é muito menor, o trabalho "de gestor" é incomparavelmente maior. Na Lloyds, todas as farmácias têm um Shop Supervisor que retira dos ombros do Manager grande parte do trabalho de gestão. No Tesco, não é assim. 
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Diariamente tenho de verificar mails, ler relatórios de vendas, criar planos de desenvolvimento, seguir orientações centrais, organizar a rota, contratar locums, conversar com a equipa da farmácia, reunir com os gestores do supermercado (há uns 10 gestores diferentes, além do director-geral), esmifrar os gajos do orçamentos, levar nas orelhas do Regional Pharmacy Manager (RPM), orientar as férias do pessoal e, no meu caso, por estar numa farmácia onde sou novo, organizar algumas papeladas que por lá estavam por organizar. Recebo novas tarefas, através de um sistema central da companhia, todos os dias. 
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No sábado passado, por exemplo, tive um locum que me cancelou o booking do próximo sábado. Passei a tarde a ligar para farmacêuticos a ver se desenrascava um sem ter de ligar a uma agência (por questões de orçamento). Quase todos estavam já ocupados ou tinham programado fim-de-semana prolongado. Finalmente às 16h, arranjei um, mas só estava disponível para começar, sábado, às 14h, porque trabalhava, em Bristol, até às 13h. Ora como o farmacêutico da manhã começa às 6h30m e no Tesco não pode trabalhar mais de 6 horas sem descanso, tive de andar a mendigar a uma farmacêutica amiga para me ir fazer das 6h30m às 8h00m, depois mudei o que entrava às 6h30m para entrar às 8h00m e assim o outro já podia chegar à 14h.
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No domingo, estava a jantar e recebi um mail do RPM a dizer que uma dada tarefa tinha que ser feita até terça de manhã. Segunda estive de folga, terça de manhã ainda não tinha user pass para o sistema central. Passei a manhã a chatear gente no supermercado até ter user e pass no sistema, depois passei uma horita a fazer a tal tarefa e saí de lá com uma moral do caneco. Cheguei ao carro e tinha 5 mails do RPM com mais uma data de coisas para fazer.


É esta, portanto, a maior diferença: menos farmacêutico mais burocrata gestor. Não desgosto. É coisa que me assenta bem porque sou um gajo organizado e bom a fazer várias coisas ao mesmo tempo. Sou melhor nisso que a nível clínico.

1 comentário:

Eugénio disse...

Tendo em conta a tua descrição sobre a realidade das duas farmácias, diria que tomaste uma opção mais que acertada. A Lloyds parecia ser um sufoco muito maior que o tesco. Um farmacêutico só consegue aguentar e controlar determinado volume de trabalho. Acima disso é um sofrimento e correria constante.

Ganhar mais ou igual por menor volume de trabalho é e será sempre uma opção inteligente.

Só recentemente é que me apercebi que os managers das farmácias dos supermercados é que são responsáveis pela marcação de locums! É a mesma coisa no ASDA por exemplo. (Até deve ser giro!). Além disso tens sempre a Vanessa como opção de emergência :)