terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Desesperadamente à procura de Vanessa

Ponto prévio: está tudo bem. Fica mais uma história...

Ontem regressei a Gloucester. A meio da tarde, a Vanessa perguntou-me a que horas chegava e eu disse-lhe o que o meu bilhete de autocarro dizia: 20h45m. Só que eram 20h00m, acordei com o motorista a dizer que chegávamos a Gloucester em breve e... eu com a bateria do telemóvel nas lonas porque tinha ido a viagem toda a ver filmes e a ouvir música.

Ora eu - que sou um gajo esquisito - tenho por hábito imaginar situações e comecei a pensar: vou chegar cedo, ela vai-me querer ir buscar sem dizer nada (e eu que odeio surpresas) e vamo-nos desencontrar porque acabo de ficar sem bateria para lhe dizer que estou adiantado. Cheguei, então, a Gloucester, às 20h15m, não vi ninguém à minha espera (perfeitamente normal) e fiz-me ao caminho, até casa. Quinze minutos depois estava, sem chave, à porta de casa (como ia chegar de noite, não levei chave para Portugal). Como previra: luzes apagadas e ninguém em casa. " 'Tá bonito! Agora está ela na estação à minha espera e eu aqui. Odeio surpresas!". 

Sentei-me à espera... 21h00m... 21h30m... 22h00m... Eram quase 22h30m quando, depois de ler meio livro do Mourinho, ter estudado o "Record" de ontem como se fosse ter teste e lhe ter chamado alguns nomes por ainda não ter percebido que eu estava adiantado e não atrasado, resolvi voltar à estação de autocarros. Sai mais uma caminhada! Chego lá e Vanessa: zero. "Pronto... agora que finalmente eu aqui vim, ela percebeu que eu não estava atrasado e voltou para casa. Odeio surpresas!". E siga de volta para casa... Chego: nem luz em casa, nem carro na garagem... Aí fiquei assustado! Liguei do telemóvel português, para  os meus pais, para pedir o número inglês da Vanesssa (que não tinha no telemóvel tuga) e comecei-lhe a ligar. Chamava, chamava, chamava e ela não atendia. Pronto... aí fiquei um bocado à rasca... 

Voltei, a correr, até à estação... Nada. Pelo caminho bati na única casa com luz que encontrei e pedi a uns miúdos se tinham um carregador de iPhone para ver se tinha alguma mensagem. Mas os gajos ou porque não tinham carregador ou porque ficaram com medo do maluco que lhes bateu à porta, quase às 23h, a esbracejar, disseram que não tinham carregador. Voltei para casa, ainda não havia luz. Voltei à garagem e carro: nada. 

Até que encontrei um pub perto de casa, com luz. Bati à janela, o gajo do pub disse-me que estavam fechados. Eu disse que não queria beber, que precisava de ajuda e o gajo lá me abriu a porta. Lá dentro, encontrei um conhecido do poker e expliquei-lhe a situação. Ele estava meio bebido e só dizia: "Mas bebe um copo, André". "Não, Steve... Eu preciso mesmo de ajuda. Arranja-me um carregador". E depois começou a tentar ajudar, à maneira dele: "Mas tu bebeste?" "Oh Steve, não!" "Mas vocês estão chateados?" "Não, Steve!". "Olha, mas ela tem algum problema" "Não, Steve... Ela não tem problema nenhum. Ela é uma miúda normal, feliz, ajuizada, inteligente e o problema é que ela desapareceu e não atende o telemóvel". Até que venho cá fora, já com o telemóvel com bateria, para ligar à polícia e vejo, finalmente, a 200 metros, luz, na sala de nossa casa. Despedi-me do Steve, agradeci às pessoas no pub, liguei para os meus pais a dizer que já havia luz em casa e igualei o record nacional dos 200metros. 

Cheguei a casa e ela explicou-me tudo: tinha trabalhado até às 22h30m, numa Lloyds, em Courtside (40 minutos de Gloucester) e o telemóvel novo que comprou há duas semanas e que logo três dias depois da compra tinha dado problemas, voltou a morrer quando ainda dizia ter 60% de bateria. E que quando chegou a casa, viu a mala à porta e a minha chave dentro de casa, percebeu logo que eu andava à procura dela mas não tinha vida no telemóvel novo inglês, nem saldo no português. Não sei como é que não me ocorreu pensar que ela estava a trabalhar. No fundo foi apenas uma série de coincidências e, pelo menos, penso que finalmente consegui convencê-la a comprar um carro novo para substituir o, inadmissível, Ford KA, de 1847, que ela conduz pelas, sempre molhadas, estradas inglesas. 

Já passado um bom bocado ela lá disse: "Olha... Afinal gostas mesmo de mim?" "Não. Mas dá-me jeito ter alguém que ajude a pagar a renda!"

4 comentários:

César Gonçalves disse...

Ca susto oh pah!

Bruno Seixas disse...

Bem...já dava uma mini-serie :p

Nuno Gabriel disse...

Mais uma históriazinha daquelas..."à la Lage"...

Abraço amigo tanana

VB disse...

só contigo....eheheheheheheh