domingo, 8 de janeiro de 2012

Fim de ciclo - III - As razões


E depois de pensar, decidi que devia aceitar a proposta.

Para começar porque, de facto, estou um pouco insatistisfeito com a forma como a Lloyds olha por mim. Sempre a criar novos sistemas, a mudar os softwares, a criar novas directrizes e a não dar treino nenhum à equipa, o que no terreno, em vez de ajudar, resulta em problemas e erros que me põem a mim em causa. Depois, desde que cheguei a Longlevens que os números pararam de cair e começaram a aumentar e a equipa está (e estará) do mesmo tamanho e o espaço é (e será) o mesmo, o que resulta num aumento da probabilidade de eu próprio cometer erros, o que é algo que não me agrada.

Por outro lado, a proposta que recebi é jeitosa: significa ganhar um pouco mais e, principalmente, ter muito menos trabalho e menos pressão. E não veio propriamente do "Mija na Escada". O Tesco é uma companhia enorme, com lucros consistentes, que segundo sei trata muito bem os seus funcionários e, portanto, não acredito que vá falir nos próximos anos. Além disso, como se trata de uma farmácia de 100 horas (abre muito cedo e fecha muito tarde), eu não estarei sempre lá: ou entro às 6h30m e saio a meio da tarde, ou entro a meio da tarde e saio às 22h (no início, vou começar por fazer uma semana de cada para ver o que prefiro) e isto dar-me-á bastante tempo livre todos os dias (embora me custe perder a deliciosa quarta-feira de folga), o que poderá ser importante nos próximos anos.

Depois, e isso era condição sine qua non (Pêra: procura na wikipedia), continuarei a ter a possibilidade de fazer um fim-de-semana de 6a a 2a, para ir a Portugal, uma vez por mês, caso queira.

A juntar a tudo isto há outra vantagem: vou ser o responsável por contratar os farmacêuticos que completarão os meus turnos e isso é muito bom. Primeiro, porque elimino um dos grandes problemas com que me debatia na Lloyds: locums que vinham por um dia e me criavam problemas que duravam semanas. Com a responsabilidade de contratá-los eu, vou poder decidir com quem quero contar. E depois porque a Vanessa é locum - o que quer dizer que, se em algum mês ela andar apertada de marcações, eu posso ajudá-la.

E, finalmente, vou aceitar porque se trata de um passo que abre mais portas. Na Lloyds, eu estava no topo da gestão de farmácias. Não havia mais para onde ir. Longlevens era o topo. Qualquer subida só poderia acontecer caso eu estivesse disposto a deixar o terreno e mudasse de funções (funções para as quais eu não teria tanto conhecimento teórico nem experiência). Com esta mudança para o Tesco, vou começar numa farmácia de "grau médio". Há farmácias maiores acima da minha. Não quer dizer que vá para ali a pensar em sair... Nada disso... Mas é importante saber que há mais degraus para subir... um dia.
(continua)

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