sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Fim de ciclo - II - A entrevista


Nos dias que antecederam a entrevista eu já não estava com muita vontade de ir: aquela revolta com a empresa estava meia esquecida, tinha tido o jantar de Natal nesse fim de semana (e sempre se criam mais laços com aqueles com quem trabalho) e, ainda por cima, ía ter de acordar às 7h da manhã no meu dia de folga e conduzir até Bristol. Mas tinha dito que ía... agora tinha que engolir o sapo. Nem que fosse para chegar lá, agradecer e, passados cinco minutos, vir-me embora.

Tanto mais que, geralmente preparo este tipo de situações (no caso de uma entrevista de emprego preparo uma lista de possíveis perguntas e oriento mais ou menos as respostas) e neste caso não preparei nada. Minto... Havia uma pergunta que eu levava preparada de casa: "Porquê o Tesco?". Mas, também, confesso: podia ter preparado o que eu quisesse, que nunca cobriria uma entrevista tão aprofundada.

Foram duas horas (duas!!) de conversa. 

O meu futuro chefe (que foi quem me entrevistou) perguntou-me tudo o que eu podia imaginar e mais 35489 coisas em que eu nunca teria pensado. Que ainda me lembre, pediu-me exemplos concretos em que eu tivesse sido uma mais-valia para o meu empregador, perguntou-me como é que eu procederia perante um membro da equipa a quem eu reconhecesse grande competência, perguntou-me como é que eu lidaria com um membro pouco produtivo da equipa, pediu-me exemplos de comportamentos da equipa que eu tivesse mudado para beneficio da farmácia e como o tinha feito, pediu-me que me descrevesse, perguntou-me o que é que a minha chefe acharia de mim, o que é que a minha equipa acharia de mim, o que é que os meus pares achariam de mim, colocou-me problemas práticos de gestão e pediu-me que os resolvesse, enfim... nunca tinha tido uma entrevista de trabalho tão aprofundada.

E eu lá fui, com muita calma (talvez por não estar completamente convencido da minha vontade de mudar de emprego ou simplesmente porque sou uma pessoa confiante e muito calma neste tipo de situações), respondendo ao que ele perguntava. No final tinha consciência de que tinha deixado uma boa imagem e, de facto, ele acabou por mostrar interesse e negociámos os termos de um contrato. 

Ainda assim, eu não tinha a certeza se devia/queria mudar e disse-lhe que, embora sendo, de facto, uma boa proposta eu teria de pensar. Fui sincero, e disse-lhe que não era a Lloyds que me merecia esta consideração, eram mesmo as pessoas com quem trabalho. Disse-lhe que responderia em dois dias.

E depois fui para casa aproveitar a folga e pensar, em voz alta, com a Vanessa.
(continua)

3 comentários:

Nuno Gabriel disse...

Como gostas de desafios...vais aceitar! E resta-me desejar a maior sorte (compentência sei que não te falta) do mundo!

A sorte é que eles não sabem o tanana que estão a contratar...:)

Nuno Gabriel disse...

*competência

César Gonçalves disse...

Ponto 1 - Os vídeos tão altamente!
Ponto 2 - Devias escrever policiais!
Ponto 3 - Granda Lage, vais sair-te bem seja qual seja o caminho que segues.
Ponto 4 - Duas horas e não te chamaram tanana?