Comecei a responder aos comentários do post anterior mas a coisa ficou grande demais para comentário e tem conteúdo para ser um post próprio. A saber:
Cesarini - 'Tou feito um chorinhas! Porra... Quase três posts a carpir mágoas. Qualquer dia ainda me apanham a dizer que não gosto disto ou, pior, que o Benfica perdeu o campeonato por causa dos árbitros. O que efectivamente se passa é que, além de ainda estar na fase de adaptação, também andei dois ou três meses a construir a ideia de que isto agora ia ser "à rei". Achava que chegava lá, não havia nada para fazer, lia umas coisas, mandava uns bitaites e, ao fim do mês, "dá cá o meu". Ora não é. E nem podia ser.
Eugénio - Além de ser o início e da ideia peregrina de achar que isto ia ser "à rei", acho que o timming da mudança também não me favoreceu. Início de Abril, no UK, igual a mudança de trimestre e, principalmente, novo ano fiscal. Tenho tido muito trabalho extra por causa disso: tive que apresentar esta semana um relatório, à PCT, sobre os MURs e NMSs do 4º trimestre de 2011/2012. Não sei se também vos exigem isso aí, mas aqui a PCT quer saber quantos MURs fizemos de cada grupo e em quantos o paciente tirou benefícios relativamente a uma série de parâmetros. E para os NMSs querem sabem quantos pacientes foram recrutados, quantos abandonaram na "Intervention", quantos abandonaram no "Follow-up", quantos foram concluidos e em cada fase mais uns 5-6 valores. Não é dificil de fazer e já estamos a usar umas tabelas para passarmos a recolher isso diariamente (rato velho: tinha sacado da Lloyds, antes de me vir embora). O problema é que nos últimos meses ninguém fez isso portanto tive que recolher estes dados todos de uma vez.
Depois, a PCT também quis, até final desta semana, um relatório sobre todos os erros e queixas que a farmácia teve em 2011/2012 e um resumo dos procedimentos mudados para os evitar. Depois, como é início de ano fiscal vou ter, em breve, uma auditoria interna sobre gestão de stock e dos 6-7 procedimentos avaliados, dois ou três não eram seguidos. Portanto tive de os implementar, arranjar papelada e explicar a todos. Como estou a começar, e há muita coisa nova que acho que deve ser discutida (o que vai organizar o trabalho no futuro) achei que tinha de ter uma reunião individual com cada membro da equipa para debatermos ideias, decidirmos procedimentos, analisarmos os números do ano passado (que acabaram de chegar) e vermos os targets deste ano. Não é dificil trabalhar comigo e acho que comecei bem com a equipa, mas era preciso sentarmo-nos 15 minutos sem nada à nossa volta só para "limar arestas".
Ao mesmo tempo, toda esta semana tive locums a cobrir as minhas horas para eu fazer tanto treino qaunto possível. Ao preço que se paga esta ajuda extra, tinha de aproveitar ao máximo. Já fiz PGD de Travel Health e de Erectyle Disfunction e já posso dispensar Malarones e Viagras, pelas PGD, sem receita. O Tesco tem um
site enorme de treino e formação: já fiz para lá uma série de pequenas formações sobre gestão (tem para lá assunto que nunca mais acaba). Depois tenho um parâmetro, chamado "Integração", que avalia a minha capacidade de integrar a farmácia no supermercado onde está inserida. Basicamente, avalia as relações que construo com o Director do Supermercado (SD), o Gestor de Stocks, o Gestor de Pessoal, o Gestor de Clientes e mais uns três ou quatro, se participo nas reuniões gerais do supermercado, se o SD está a par dos nossos números, se chateio quem tenho de chatear e se não fico lá só no meu
guettozinho. Portanto tive que aproveitar a semana para dar atenção a isto... se calhar noutras semanas, sem cobertura, fica mais dificil. E pelo meio, tive que preparar uma reunião intermédia com o meu chefe directo (o RPM).
Tudo isto para dizer o quê? Para me vangloriar? Claramente. Mas também para dizer que é uma semana que não se repete. Estes relatórios, estas formações, muitas das reuniões... não terei que ter tantas, tão depressa. E quando as tiver será com muito mais conhecimento de causa.
Mas uma coisa te digo, tem sido fácil perceber porque é que o Tesco tem apresentado resultado positivos ano após ano, mesmo com a economia a retrair. Em primeiro lugar, muito rigor e controlo nos gastos. Só um exemplo: consumíveis. Na Lloyds era a gastar. Parecia a Papelaria Fernandes. No Tesco tenho um orçamento de miséria para gastar por semana, definido anualmente, e só sobe se os números subirem. E estamos a falar de coisas essenciais: etiquetas, tinteiros... É a esticar. E a mesma ideia serve para horas-extra do pessoal, níveis de stock, rigor no endorsing, escolha do pack-size de medicamento mais barato pelo Drug Tariff... E depois uma máquina enorme de pressão a empurrar para as receitas. Todos os dias, há duas reuniões de 5-10 minutos com todos os gestores do supermercado (Team 5) para olhar para os números e perceber onde é preciso pressionar. Uma organização muito rigorosa.
Enfermeiro - Depois deste testamento não sobrou muito para ti, pá. Olha... boa sorte com a tua mudança.